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40 anos da bomba do Riocentro

Há quarenta anos, na noite do dia 30 de abril de 1981, durante um espetáculo musical comemorativo do Dia do Trabalho que reuniu 20 mil pessoas no Riocentro, centro de convenções na zona oeste do Rio de Janeiro, uma bomba explodiu no interior de um automóvel Puma, matando o sargento Guilherme Pereira do Rosário e ferindo o capitão Wilson Luís Chaves Machado. Os dois eram integrantes do Doi-Codi e estavam no local, segundo as autoridades militares, numa operação de rotina. Outra bomba havia sido colocada na casa de força do prédio, mas não chegou a explodir.

O evento marcado para aquela noite tinha como objetivo iniciar as comemorações do Dia do Trabalhador, e contaria com a presença de artistas como Chico Buarque, Alceu Valença, Gonzaguinha e Gal Costa, sendo que alguns se destacaram na oposição ao regime militar, tendo inclusive retornado ao país após a Lei de Anistia de 1979.

O atentado pretendia explodir três bombas no local e com isso incriminar os grupos de esquerda, fazendo com que o processo de abertura política cessasse. Mas os militares que organizaram o atentado não conseguiram realizar o planejado, já que uma das bombas explodiu em um carro no estacionamento do Riocentro, matando um sargento e ferindo gravemente outro oficial. Havia no veículo outra bomba que não explodiu. Mas uma terceira bomba explodiu na central de energia do local do evento.

O caso causou enorme desgaste ao governo do general João Batista Figueiredo (1979-1985), que mostrava não poder controlar as forças mais à direita do exército, resultando também na queda do general Golbery do Couto e Silva do cargo de Chefe da Casa Civil. Golbery foi um dos principais articuladores do processo de abertura “lenta, gradual e segura” da ditadura ao regime militar e viu sua imagem enfraquecida com este fato.

O atentado fracassado foi um grande escândalo na época, que só não foi superado pelo fato de não ter ocorrido apurações reais para se descobrir quem eram os mandantes da ação terrorista. O episódio marcou o fim do embate entre os militares da linha dura e o processo de abertura política.