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Ha 39 anos um jovem de 39 anos chegava ao STF

Há 39 anos, no dia 24 de março de 1983, um jovem e brilhante advogado de 39 anos, nascido em Cristina, em Minas Gerais assumia uma das onze vagas do mais importante tribunal de justiça do pais, o Supremo Tribunal Federal (STF). Seu nome: Francisco Rezek. Nomeado pelo então presidente da República, João Baptista Figueiredo, assumiu a vaga de outro respeitado ministro, Xavier de Albuquerque. Foi também o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na primeira eleição direta para Presidente da República após 25 anos de regime militar. Em sua gestão houve a impugnação da candidatura do apresentador de televisão e dono do SBT, Silvio Santos à presidência por irregularidades no registro do PMB.

Rezek permaneceu no STF até 15 de março de 1990 quando aceitou o convite do então presidente da República, Fernando Collor e assumiu o cargo de ministro das Relações Exteriores (MRE). Rezek foi a única pessoa a ter ocupado por duas vezes o cargo de ministro do STF, a primeira entre 1983 e 1990, nomeado pelo presidente João Figueiredo, e a segunda entre 1992 e 1997, nomeado pelo presidente Fernando Collor. Ao sair do STF pela segunda vez, desta vez de forma definitiva, foi eleito pelas Nações Unidas para um mandato de nove anos na Corte Internacional de Justiça, em Haia, nos Países Baixos.

José Francisco Rezek nasceu em Cristina, no sul de Minas Gerais, em 18 de janeiro de 1944, filho de Elias Rezek e D. Baget Baracat Rezek, ambos de origem libanesa, nascidos em Baalbek.Fez seus primeiros estudos em Santa Rita do Sapucaí,ao lado de Cristina, e estudou mais tarde em Campinas, em Lorena, em Poços de Caldas e em Belo Horizonte, onde concluiu o curso científico no Colégio Arnaldo, em 1961. Durante o período de faculdade, iniciada em 1962, foi repórter auxiliar do jornal Diário de Minas.

Graduado em direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na turma de 1966, obteve o título de doutor em Direito Internacional Público na Universidade de Paris em 1970. Pesquisou mais tarde na Universidade de Oxford, onde foi eleito Honorary Fellow. Entre 1967 e 1970, atuou em Minas Gerais como advogado e assessor de Planejamento e Controle do secretário de estado de Administração. Entre 1970 e 1972, foi assessor jurídico do ministro Bilac Pinto no Supremo Tribunal Federal.

Em 1970, iniciou a atividade docente como professor assistente de direito internacional da Faculdade de Direito da UFMG, onde passou a lecionar direito internacional público e relações internacionais. Em abril de 1971, tornou-se professor titular da Universidade de Brasília (UnB), atuando na graduação e na pós-graduação em direito internacional público e direito constitucional. Lecionou também no Instituto Rio Branco. Em 1972, mediante concurso, ingressou na carreira de procurador da República, tendo chegado a subprocurador-geral da República em setembro de 1979. Exerceu, ainda, o cargo de assessor extraordinário do ministro-chefe da Casa Civil, Leitão de Abreu.

Em 2003, na Corte Internacional de Justica, Rezek atuou no Caso Avena e Outros Nacionais Mexicanos, envolvendo o México e os Estados Unidos sobre violações da Convenção de Viena de 1963 sobre Relações Consulares. Ao final do mandato, fixou-se em São Paulo como advogado, lecionando ainda Teoria do Direito Internacional nos cursos de Mestrado e Doutorado em Direito do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB).