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O abandono do Rio de Janeiro cresce a cada dia

A Escola de Artes e Ofícios, fundada em 1858, tem sido alvo de invasões e furtos, realizados a partir da construção irregular, que cresce de forma desenfreada, sem qualquer ação das autoridades. A denúncia é do Diário do Rio.

Uma construção irregular em mais um terreno invadido no Centro do Rio está causando transtornos, em especial aos responsáveis, frequentadores e alunos do centenário Liceu de Artes e Ofícios. A irregularidade, localizada atrás da escola de artes, agora já chega a ficar abaixo da marquise da instituição. Uma imensa área tem diversas construções sendo erguidas, sem placa de obra e aparentemente sem licenciamento; trata-se basicamente de uma nova Favela que cresce em um terreno invadido que já atingiu seu potencial horizontal e agora se verticaliza. O Liceu fica na rua Frederico Silva, nas imediações da rua de Santana, no centro da cidade no Rio de Janeiro.

Além disso, depois que a pequena favela começou a ser cada vez mais verticalizada, o Liceu passou a ser tambem alvo de arrombamentos e esbulhos freqüentes, e a entrada dos criminosos tem se dado através das janelas do primeiro andar, bem próximo à obra da invasão, ocasionando prejuízos para a instituição; os invasores se utilizam de uma das construções irregulares para acessar o Liceu.

“Essa invasão se deu em um terreno que, na realidade, seria uma rua por volta da década de 70, mas nunca foi construída. Aos pouquinhos, entraram algumas pessoas e foi crescendo uma comunidade que você não vê… só dá para ver quando entra pela Rua General Caldwell e olha mesmo lá para dentro“, explicou o Professor Paulo Frias, presidente da Sociedade Propagadora das Belas-Artes, mantedora do Liceu de Artes e Ofícios. Estivemos no local, e trata-se de mais uma nova e ate hoje “desconhecida” favela.

Ele ainda continuou, relatando o crescimento das construções: “essa comunidade cresceu ao lado do Liceu, foi crescendo e acabou não se tendo mais controle. Nesse crescimento, ela entrou por baixo do prédio do Liceu. Já tem gente trabalhando e ela agora cresce verticalmente”.

O professor ainda citou que, há cerca de 1 mês houve uma invasão ao Liceu: “entraram no prédio pelo primeiro andar, quebrando o vidro, e furtaram muita coisa. As aulas de marcenaria não estão acontecendo porque furtaram todo o material “, contou.

A secretaria municipal de Habitação afirmou que não pode atuar no local por ser um terreno particular e não se tratar de área de especial interesse social ou área de risco. Já a secretaria de Assistência Social informou que só pode acessar a área sob demanda judicial. O mesmo vale para a Secretaria de Ordem Pública, que só pode demolir a construção irregular se houver decisão judicial.

“O empurra-empurra e típico. E o Rio vai caminhando para tornar-se uma grande favela. Se não tem o carimbo “milícia”, a prefeitura não quer nem saber”, disse o administrador Wilton Alves, que cuida de algumas dezenas de imóveis no Centro. Revolta compreensível. “Amanhã, quando uma milícia ou tráfico se instalar na nova favela, talvez seja tarde”.

O Liceu de Artes e Ofícios foi criado por Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, tendo iniciado suas atividades em 09 de Janeiro de 1858 com a finalidade de proporcionar a todos os indivíduos, independentes de nacionalidade, raça ou religião, o estudo das artes e sua aplicação necessária aos ofícios e indústrias.