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Reginaldo propõe à OAB grande homenagem a Ruy Barbosa

O ex-presidente do Conselho Federal da OAB, Reginaldo Oscar de Castro irá sugerir aos atuais dirigentes da entidade que promovam uma grande homenagem em março de 2023 pela passagem do centenário de morte do advogado Ruy Barbosa, patrono da advocacia brasileira. Reconhecidamente um polímata, Ruy Barbosa se destacou, além de jurista, como político, diplomata, escritor, filólogo, jornalista, tradutor e orador.

Reginaldo lembrou que “se ainda estivesse entre nós, assim como o inesquecível Sobral Pinto ou Evandro Lins, estaria certamente Ruy Barbosa submetido a processos pelo exercício legítimo do direito opinar sobre os abusos das autoridades que hoje nos governam. Imaginem – disse – o que resultaria da publicação da lapidar frase de Ruy:
“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Ruy Barbosa nasceu em Salvador (BA) no dia 5 de novembro de 1849 na Rua dos Capitães, hoje Rua Ruy Barbosa, Freguesia da Sé, na cidade do Salvador, na então província da Bahia. Faleceu em Petrópolis, no Rio de Janeiro, em 1 de março de 1923. Notável orador e estudioso da língua portuguesa, foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras (1897), ocupando a cadeira n.º 10, e seu presidente entre 1908 e 1919. Ingressou na Faculdade de Direito do Recife em 1866, então uma das duas únicas faculdades de Direito do Brasil, juntamente com a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo. Dois anos depois de iniciado o curso, transferiu-se para São Paulo, com seu colega de faculdade Castro Alves. Uma das teorias sobre a causa da transferência é que era comum na época, os estudantes iniciarem o curso no Recife e depois transferirem-se para São Paulo para concluí-lo. Em 1868 abrigou em sua casa, por alguns dias, Castro Alves, seu antigo colega no Ginásio Baiano, em razão do rompimento dele com Eugênia Câmara.

Como delegado do Brasil na II Conferência da Paz, em Haia (Holanda, 1907), notabilizou-se pela defesa do princípio da igualdade dos Estados. Por sua atuação nessa conferência, recebeu do Barão do Rio Branco o epíteto de “O Águia de Haia”. Teve papel decisivo na entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial. Já no final de sua vida, foi indicado para ser juiz do Tribunal Mundial, um cargo de enorme prestígio, que recusou.

Foi candidato à Presidência da República, na chamada “campanha civilista”, contra o militar Hermes da Fonseca. Apesar de ser considerado um ícone do republicanismo brasileiro, Ruy Barbosa se desencantou com o sistema político que ajudou a implementar, realizando vários comentários antirrepublicanos em seus últimos anos de vida. Pouco famosas, suas críticas foram novamente trazidas à tona por movimentos monarquistas brasileiros no início do século XXI (embora Ruy Barbosa não tenha se tornado monarquista em vida). “A liberdade não é um luxo dos tempos de bonança; é o maior elemento da estabilidade”.