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De Campos Sales a Itamar Franco

A data de 28 de junho marca a passagem de dois ex-presidentes da República. Manuel Ferraz de Campos Sales, mais conhecido como Campos Sales, morria neste dia de 1913. Outro presidente da República, Itamar Augusto Cautiero Franco, conhecido como Itamar Franco, nascia no ano de 1930. Quarto presidente do Brasil, Campos Sales nasceu em Campinas (SP). Itamar Franco nasceu no mar territorial brasileiro a bordo de um navio de cabotagem que fazia a rota Salvador–Rio de Janeiro, porém as coordenadas exatas do nascimento são desconhecidas. Foi registrado em Salvador em 28 de junho de 1930.

Bacharel em direito pela Faculdade de Direito de São Paulo da turma de 1863, Campos Sales ingressou, logo após se formar, no Partido Liberal. A seguir, participou da criação do Partido Republicano Paulista (PRP), em 1873, sendo, portanto, um republicano histórico. Com a Proclamação da República, foi nomeado ministro da Justiça do governo provisório de Deodoro da Fonseca quando promoveu a instituição do casamento civil e iniciou a elaboração de um Código Civil na República. Substituiu o Código Criminal do Império de 1830, pelo Código Penal da República, através do decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890. Foi presidente do estado de São Paulo de 1896 até 1897. Nesse período, enfrentou um surto de febre amarela em todo o estado, um conflito na colônia italiana na capital, uma onda de violência na cidade de Araraquara, no episódio que ficou conhecido como Linchamento dos Britos e enviou tropas estaduais para combater na Guerra de Canudos.

Em 1897, renunciou ao cargo de presidente de São Paulo, para candidatar-se à presidência da República. Foi eleito com 91,52% dos votos, assumindo o cargo em novembro de 1898. Na presidência do país, enfrentou rebeliões dos imigrantes italianos em lavouras de café, que protestavam contra a exploração a que eram submetidos pelos fazendeiros, algumas vezes com assassinatos durante estes protestos. Um caso notório, por ter envolvido o próprio presidente da República, foi o assassinato em 3 de outubro de 1900, do fazendeiro Diogo Salles, irmão de Campos Sales, cujo filho tentou abusar de três irmãs do colono italiano Angelo Longaretti e acabou morto por este. Este fato ocorreu na atual Analândia, (SP), que na época era uma vila de Rio Claro chamada Annapolis, e deu início a uma revolta chamada de Rebelião de Longaretti.

Após o mandato presidencial, foi senador por São Paulo e diplomata na Argentina onde trabalhou com Júlio Roca que também era diplomata e do qual ficara amigo quando ambos foram presidentes. Durante as articulações (demárches) para a eleição presidencial de 1914, seu nome chegou a ser lembrado para a presidência da República, mas faleceu repentinamente em 1913, vítima de uma embolia cerebral, quando passava por dificuldades financeiras. Sua filha, Sofia Ferraz de Campos Sales (1879-1935), se casou com José Bonifácio de Oliveira Coutinho (1877-1911), bisneto de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência do Brasil.

É homenageado dando seu nome aos municípios de Campos Sales (Ceará), Salesópolis no estado de São Paulo e Roca Sales no Rio Grande do Sul. Este último foi assim batizado em homenagem ao histórico encontro entre o presidente Campos Sales com Julio Argentino Roca, o então presidente da Argentina. Cruzando o Rio Tietê, ligando Barra Bonita a Igaraçu do Tietê, há a “Ponte Campos Sales”, inaugurada em 1915, obra construída por iniciativa de Campos Sales. Dá o nome a uma importante avenida onde residiu, na cidade de Campinas. Outras vias nas cidades de Belém, Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba, Natal, Porto Velho e Rio de Janeiro também levam seu nome, assim como em outras cidades pelo Brasil.

Oriundo de uma família de Minas Gerais, Itamar Franco foi o filho caçula de Augusto César Stiebler Franco (1898–1929), falecido pouco antes de seu nascimento, e Italia Cautiero (1901–1992). Seus avós paternos eram Arquimedes Pedreira Franco (bacharel em direito) e Mathilde Stiebler; seus avós maternos eram Pasquale Cautiero e Raffaella De Luca, ambos imigrantes italianos. Criado na cidade de Juiz de Fora, em 1948 concluiu o curso científico, atual ensino médio, no Instituto Granbery e no ano seguinte tornou-se aspirante a oficial da reserva do Exército, na 4.ª Região Militar, então com sede em Juiz de Fora. Graduou-se em engenharia em 1954, na Escola de Engenharia de Juiz de Fora e no ano seguinte ingressou na carreira política, quando filiou-se ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em 1958, candidatou-se a vereador de Juiz de Fora, mas não conseguiu se eleger.

Em 29 de setembro de 1992, a Câmara dos Deputados decidiu por ampla maioria autorizar a abertura de um processo de impeachment do presidente. Neste mesmo dia, Itamar assume interinamente a presidência até que o titular fosse julgado pelo Senado Federal. Não houve solenidade de posse, despojamento que foi bem recebido pela população. Ao assumir, propôs uma política de entendimento nacional. Em fevereiro de 1994, para conter a crise hiperinflacionária, o governo Itamar instituiu a Unidade real de valor (URV) com a Medida Provisória 434, dando início ao programa de estabilização econômica que ficou conhecido como Plano Real.

Itamar foi o primeiro presidente da República desde Artur Bernardes a eleger o seu sucessor. Com a vitória de seu candidato, Fernando Henrique, Itamar foi nomeado embaixador brasileiro em Portugal, e, posteriormente, na Organização dos Estados Americanos (OEA) em Washington, Estados Unidos. Em 21 de maio de 2011 foi diagnosticado com leucemia. Alguns dias depois, se licenciou do Senado a fim de tratar-se da doença no Hospital Albert Einstein. Em 27 de junho um boletim médico do hospital divulgou que sua situação teria se agravado em virtude de uma pneumonia que o levou à UTI. Itamar faleceu na manhã de 2 de julho de 2011. O corpo do ex-presidente foi cremado no Cemitério de Contagem, e as cinzas ficaram no jazigo da família no Cemitério Municipal de Juiz de Fora. ( Google)