Direito Global
blog

República Juliana em Santa Catarina

A República Juliana ou República Catarinense, oficialmente República Catharinense Livre e Independente, ficou conhecida historicamente como um estado que pertenceu à Santa Catarina, oficializou-se a 24 de julho de 1839 – advindo daí o nome “Juliana” – e findou-se em 15 de novembro de 1839, durante um ataque violento a Laguna. Foi uma extensão da Revolução Farroupilha (1835-1845), iniciada na província vizinha do Rio Grande do Sul, onde havia sido proclamada a República Rio-Grandense (1836-1845).

A República Juliana, proclamada por David Canabarro – nome atual de um município gaúcho – e Giuseppe Garibaldi- general nascido na França e que em Laguna (SC) conheceu Ana Maria de Jesus Ribeiro, de 18 anos, conhecida depois como Anita Garibaldi, com quem se casaria e que se tornaria sua companheira de lutas na América do Sul e depois na Itália – formou uma confederação com a república vizinha, porém, sem condições de expandir-se pela província de Santa Catarina, não conquistando a Ilha de Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis), sede da província. Em novembro do mesmo ano (quatro meses após sua fundação), propiciaram-se condições para que as forças do Império retomassem Laguna, cidade-sede do governo da República Juliana. No planalto catarinense, Lages aderiu à revolução, mas submeteu-se no começo de 1840.

A revolução farroupilha tinha a intenção de lutar contra o governo imperial que estava no controle do país. Durante essa revolução, a Marinha brasileira controlava os mais importantes meios de comunicação existentes entre os revoltosos, dessa forma, ela não permitia o acesso por mar à província no porto do Rio Grande. Os farrapos, como eram chamados os revoltosos, sentiam necessidade de um porto, pois não poderiam avançar outras províncias, desse modo, pensaram imediatamente em uma solução. Os farrapos então conceberam a possibilidade de ocupar em Santa Catarina a chamada vila de Laguna, pois esta tinha grande importância no litoral.

Assim, comandados pelos líderes Giuseppe Garibaldi e Davi Canabarro, fizeram uma afoita travessia por terra, transportando dois barcos levados por carretas que eram puxadas por bois até o Rio Tramandaí. Tal audácia partiu da ideia apresentada por Garibaldi, o líder da tropa marítima e comandante dos navios, como uma alternativa mediante a impossibilidade de se locomoverem pela Lagoa dos Patos que estava sendo vigiada pela Marinha.

Em 1839, durante o mês de julho, os farrapos conquistaram a vila de Laguna sem enfrentar muita resistência e fizeram a proclamação da República Juliana. A partir daí iniciaram a composição dessa nova República com uso de eleições, nas quais o cargo de presidente foi tomado pelo Tenente-Coronel Joaquim Xavier Neves. Algum tempo após, o padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro ocupou o cargo de presidente, nomeado a partir dos gaúchos agitadores até então insatisfeitos. A Laguna foi escolhida como capital interina da República Juliana e foram determinadas as cores amarela, branca e verde como oficiais. Além disso, foi estabelecida a extinção dos impostos cobrados no comércio de gado e na indústria do campo.

A República Juliana ficou conhecida na história como um estado pertencente à Santa Catarina, sendo oficializada em 24 de julho de 1839, o que justifica o nome “Juliana”. Mas teve fim ainda neste ano, no dia 15 de novembro, após a derrota em um violento ataque à Laguna. Neste episódio a esquadra farroupilha foi aniquilada e somente os líderes Garibaldi e Canabarro conseguiram fugir.