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Garcia D’ Ávila, dono do maior latifúndio do mundo

Quem não conhece a rua Garcia D’Avila em Ipanema, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Antigamente era conhecida como a rua do Bob’s ou da loja de roupas Petit Wallet, entre outras. A rua Garcia d’Ávila começa na avenida Vieira Souto e termina na avenida Epitácio Pessoa, na Lagoa Rodrigo de Freitas.

Mas quem foi Garcia D’Avila? Poucos sabem apesar da rua com seu nome ser das mais frequentadas e conhecidas dos cariocas ou de quem vem fazer turismo na cidade. Garcia de Sousa d’Ávila nasceu em São Pedro de Rates, município de Póvoa de Jardim, em Portugal, em 1528 (não se sabe o dia e mês), vindo a falecer em Salvador, na Bahia, em em 20 de maio de 1609. Foi um administrador colonial, fundador do que se tornaria o maior latifúndio do mundo, sediado na Casa da Torre, Praia do Forte, que atingiu um total de 800 mil quilômetros quadrados de área, em sua maior parte não cultivados.

Garcia D’Ávila serviu na Índia e chegou à Bahia em 29 de março de 1549 com Tomé de Sousa, primeiro governador geral do Brasil, sendo nomeado, no dia 1 de junho, “feitor e almoxarife da Cidade do Salvador e da Alfândega”. Como os soldos e serviços eram pagos geralmente em mercadorias e muito raramente em dinheiro, Garcia D’Ávila recebeu, em 15 de junho, seu primeiro pagamento – duas vacas, por 4$ -, assim começando sua longa jornada de sucesso. Trabalhou com esforço austero e inexcedível energia durante a construção de Salvador e instalou-se inicialmente em Itapagipe, depois em Itapuã, vindo a se tornar um dos primeiros bandeirantes do Norte.

Tomé de Sousa doou a Garcia d’Ávila catorze léguas de terras de sesmaria que lhe haviam sido outorgadas pelo rei Dom Sebastião. Estas terras iam de Itapuã até o Rio Real e Tatuapara, pequeno porto cinquenta metros sobre o nível do mar. Foi lá que Garcia d’Ávila, após ter vencido as tribos indígenas existentes ao norte de Salvador, ergueu sua Casa da Torre em 1550. Em 1557, já era o homem mais poderoso da Bahia. Grande desbravador, no final do século XVI sua propriedade já era a maior do Brasil, a se estender do rio Itapicuru no norte ao rio Jacuípe no Sul. Administrava seu latifúndio da Casa da Torre em Tatuapara, arrendando sítios a terceiros e fazendo uso de procuradores e ameríndios aculturados e libertos.

Trouxe para o Brasil o gado nelore. Garcia D’Ávila ergueu a segunda casa fortificada do Brasil — antecedida apenas pelo antigo Castelo de Duarte Coelho em Pernambuco — na atual Praia do Forte a 80 km de Salvador, Bahia, que também foi sua residência e de sua família, além de fazer as vezes de forte. Historicamente, estão entre os primeiros sertanistas do Brasil. A fazenda ia de praia do forte até o Maranhão, perfazendo um total de 800 mil quilômetros quadrados, 1/10 do território brasileiro de hoje, o que equivale às áreas, somadas, de Portugal, Espanha, Holanda, Itália e Suíça, sendo um dos maiores (senão o maior) latifúndio da história.