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Yamil e Sousa Dutra: ‘Colono ou povoador?’

O advogado gaúcho de Rosário do Sul, Yamil e Sousa Dutra, hoje aposentado e morando em Gramado (RS), trabalhou como Senior Advisor na empresa Brazilian Bar Association, além de ter estudado Information Sciences na instituição de ensino University of Maryland, College Park, faz uma pergunta que suscita amplos debates no Rio Grande do Sul: Çolono ou povoador?’

“Aqui na serra gaúcha há sempre essa discussão sobre quem é colono (descendentes de alemães e italianos) ou povoador (descendentes de açorianos), mas se dermos um pequeno mergulho de 270 anos na história do povoamento do Rio Grande do Sukl, vamos ver que essa diferença não tem qualquer sentido.
Colono é quem vem preencher espaço humano nos territórios invadidos ou conquistados pelas metrópoles européias. Daí as colônias e a colonização tanto nas Américas, quanto na Africa, na Ásia e na Oceania. Assim, o povo português, especialmente o açoriano, que chegou no que é o atual Rio Grande do Sul, a partir de 1752, veio para preencher espaço geográfico com seres humanos enviados pelo império português e recebeu o nome de colonizador, ou seja, colono. Preencher o espaço significava também produzir e, de certo modo, auto sustentar-se com os meios proporcionados pela metrópole que os enviava. Assim, os açorianos, que aqui chegaram no século XVIII e posteriormente, tinham essas características e essas funções. Mesmo seus descendentes, quase um século depois mantinham-se trabalhando na terra ou terras que haviam obtido originalmente ou que adquiriram ou se apossaram, legalizadas ou não, com o passar dos tempos. Os imigrantes (alemães, italianos e outros), que chegaram quase um século depois, passaram a ter as mesmas características: receberam terras, alguns instrumentos e um mandato, trabalhar na produção agrícola. Entretanto, diferentemente dos açorianos dos 1700s, os novos povoadores, não foram enviados por impérios europeus, mas “buscados” pelo Império Brasileiro exatamente para exercer funções semelhantes: preencher espaço e produzir. Daí também usar-se para estes últimos o termo colono, que passou, mais recentemente, a significar homem do campo. Entretanto, o que há em comum entre os os povoadores/colonizadores iniciais, enviados pela coroa portuguesa, e os que vieram mais tarde, trazidos pela coroa imperial brasileira, é que ambos os grupos sobreviveram dedicando-se ao trabalho no campo ou relacionado ao mesmo. Muitos deles, independentemente da origem étnica, continuam até hoje a ter na agropecuária sua principal fonte de recursos”.