Em cerimônia realizada no auditório do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) o goiano de nascimento mas residente em Brasilia há varios anos, José Perdiz de Jesus, 60 anos, assumiu a cadeira principal do STJD. Herdeiro de José de Jesus Filho, saudoso ministro do STJ e ex-ministro interino da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso, ele assume a cadeira principal no lugar de Otávio Noronha. O evento aconteceu no primeiro do Jurisports Brasília, um congresso sobre Direito Desportivo organizado pela Academia Nacional de Direito Desportivo (ANDD). A ANDD é presidida pelo advogado Terence Zveiter.
José Perdiz de Jesus assume o STJD em um momento crítico. Imerso em um esquema de manipulação de resultados deflagrado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), o futebol brasileiro tem o tribunal como aliado em defesa da integridade no esporte mais popular do país. A corrupção é investigada pela Polícia Federal e a Câmara dos Deputados instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito para tratar do assunto.
O futebol brasileiro também vive uma cruzada contra outras versões de preconceito, como a homofobia. Há duas semanas, torcedores do Corinthians provocaram o São Paulo na Neo Química Arena e abriram discussão sobre eventuais punições ao clube alvinegro.
“Vou cumprir a minha função de maneira transparente, honesta e de forma ética”, discursou José Perdiz de Jesus. “Posso afirmar que esse tribunal está plenamente preparado para enfrentar todos os problemas que desafiam a instituição futebol neste momento. Apresentaremos de forma eficaz respostas jurídicas efetivas”, prometeu.
José Perdiz citou casos de manipulação na Inglaterra, na França, na Alemanha, na Itália, Espanha, Portugal e Gana para citar que chegou a vez de o Brasil lutar novamente contra as fraudes depois do escândalo das loterias nos anos 1980 e da Máfia do Apito, em 2005.
Ele também fez pacto pelo combate ao preconceito ao citar a injúria racial contra Vinicius Junior no Campeonato Espanhol. “É preciso encarar o racismo como o absurdo fenômeno social que é e tem reverberado no esporte de diversas formas: explícito, estrutural e em forma de piadas que não causam diversão. Não nos negligenciaremos”, afirmou. “O racismo também acontece nos nossos estádios e não são esporádicos”, lembrou, citando, ainda, a xenofobia, a violência psicológica e a violência nos estádios.