Em toda a sua história o Supremo Tribunal Federal (STF) teve ministros nascidos em vários municípios brasileiros. No entanto, apenas dois municípios – Monteiro, na região do cariri paraibano e Sabará, cidade histórica localizada ao lado de Belo Horizonte – tiveram dois integrantes cada uma. Em Monteiro, nasceram os saudosos ex-presidentes do STF, Djaci Falcão (pai do ex-presidente do STJ, ministro Francisco Falcão, e Luiz Rafael Mayer. Em Sabará, nasceram os saudosos ex-presidentes do STF, os ministros Orozimbo Nonato e Sepúlveda Pertence .
A pedido do ex-presidente da OAB da Paraíba, José Mário Porto, o seu amigo e ex-prefeito de Monteiro, Carlos Batinga, revelou detalhes envolvendo os dois ex-ministros do mais importante tribunal do país: “Ambos moravam na rua coronel Santa Cruz, uns cem metros de distância de uma casa para outra. As duas residências estão preservadas até hoje. O ministro Luiz Mayer, que chamava de Luizinho, conheci muito bem, pois a casa onde nasceu era vizinha à loja de minha mãe e onde morei até os 13 anos de idade. Ele sempre visitava os pais e passava boa parte das férias na cidade e com frequência ia até à loja da mamãe conversar com ela. O endereço da loja da minha mãe é meu endereço de domicílio eleitoral desde 1969”.
Antes de surgir oficialmente na história Monteiro era uma área de fazendeiros e criadores de gado. No final do século XVIII, algumas famílias lá se estabeleceram e, em 1800, Manoel Monteiro do Nascimento desmembrou uma área de sua fazenda, chamada Lagoa do Periperi, para construir uma capela consagrada a Nossa Senhora das Dores, distante 300 metros da margem do Rio Paraíba. A beleza do local foi atraindo habitantes e, em pouco tempo, formou-se um povoado que, em 1840, deixou de ser Lagoa do Periperi e passou a se chamar Povoação da Lagoa (havia apenas duas casas de telha na época). Pouco tempo depois, em homenagem ao seu fundador, o povoado recebeu o nome de Alagoa do Monteiro.
O distrito de Alagoa do Monteiro foi criado pela Lei Provincial nº. 194, de 4 de setembro de 1865. A cidade foi sendo erguida à margem do Rio Paraíba, que nasce na Serra do Jabitacá, a 24 quilômetros da cidade. Tornou-se município por meio da Lei nº 457, de 28 de junho de 1872, com território desmembrado de São João do Cariri. O município de Monteiro, que fica a 319 quilômetros de João Pessoa, está localizado na microrregião do Cariri Ocidental Paraibano, da qual é a parte mais característica. Limita-se ao Norte com o município de Prata (PB); Oeste, com Sertânia, Iguaracy e Tuparetama (PE); ao Sul, com São Sebastião do Umbuzeiroe Zabelê (PB); e, ao Leste, com Camalaú e Sumé (PB).
Com área de 1.009,90 km², Monteiro é o maior município do Estado. Possui bacia hidrográfica formada por um rio temporário, o Paraíba, e quatro açudes: Pocinhos, com capacidade para armazenar 5.900.00m³ de água; Poções, 29.106.000m³; São José, 3.000.000m ³; e Serrote, 3.000.000m³. A vegetação nativa é a caatinga, que pode variar na área do município, em locais mais áridos com a presença marcante das cactáceas, com forte paisagem típica do Sertão espinhoso, e em áreas serranas mais arbórea e florestal.
Dois ministros paraibanos, ambos naturais do município de Monteiro, na região do Cariri, que dedicaram suas vidas profissionais à Justiça brasileira e ao serviço público, tem algo em comum, além de terem nascido no mesmo município: os saudosos Djaci Alves Falcão e Luiz Rafael Mayer foram nomeados para o Supremo Tribunal Federal (STF) e exerceram a presidência do mais importante tribunal do país. O ministro Djaci tem um filho que já foi presidente do segundo mais importante tribunal do país, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) o ministro Francisco Falcão.
Os dois ilustres paraibanos trilharam, por várias ocasiões, os mesmos caminhos, a começar pela formação educacional, desde a cidade natal até o Recife (PE), onde estudaram no tradicional Colégio Salesiano e tornaram-se bacharéis em Direito, notadamente em épocas diferentes, pela Faculdade Direito, e, por fim, Brasília (DF), quando exerceram o cargo máximo da mais alta Corte brasileira. Mas a vida de Djaci Falcão e Rafale Mayer foi além da toga: ambos enveredaram pelo magistério.