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O Supremo e o poeta

Logo após condenar o deputado João Paulo Cunha na sessão Plenária da última quarta-feira (29), no Supremo Tribunal Federal, o ministro Cezar Peluso anunciou para os demais colegas e os advogados presentes ao julgamento da Ação Penal 470 – o mensalão – que era o seu último voto após integrar por nove anos o mais importante tribunal do país.

Imediatamente, o presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto, suspendeu temporariamente o julgamento para homenagear o ministro que está se despedindo da Corte. Em seguida, passou a palavra para o procurador-geral da República e para o decano, ministro Celso de Mello. Ambos foram pegos de surpresa e não puderam ler os discursos de praxe porque não estavam avisados da homenagem. Falaram de improviso.

O ministro Cezar Peluso estava emocionado mas, nitidamente, o seu semblante era de uma pessoa preocupada. Logo após as saudações – inclusive do representante da advocacia, Márcio Thomaz Bastos – Peluso comentou com um colega de bancada. “Não entendi nada. Não estou me despedindo na sessão de hoje. Vou sair amanhã, quinta-feira e inclusive a minha família vem de São Paulo para a minha última sessão no STF”.

O colega de bancada foi então conversar com o presidente Carlos Ayres Britto: “o Peluso não está entendo porque Vossa Excelência parou a sessão para as homenagens”. Ayres Britto, candidamente, respondeu: “mas o Peluso anunciou que este era o seu último voto e por isso prestei as homenagens de praxe”.

O Peluso disse que era o último voto e não a última sessão, lembrou o colega. Britto, com a tranquilidade de sempre, respondeu: “amanhã (30) faremos uma outra homenagem”.