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‘Quero viver em outro Brasil”

A palestra do ministro do STF, Luís Roberto Barroso em Salvador teve reclamações à corrupção e à impunidade no Brasil, mas teve um encerramento com uma mensagem otimista sobre o futuro. “O Brasil foi o maior sucesso do século 20. Por mais dramática que seja a fotografia do momento, o filme é bom e o final certamente será feliz. Eu não quero viver em outro país, eu quero viver em outro Brasil”, afirmou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) durante o seminário “Direito, Desenvolvimento e Políticas Públicas”, no Hotel Deville Prime.

O pronunciamento de Barroso também teve duras críticas à própria legislação brasileira e ao Congresso Nacional. “Eles não estão aí para ninguém, vivem em um mundo a parte”, declarou sobre os integrantes do legislativo, fazendo referência às emendas do pacote anticorrupção aprovadas durante a madrugada na última quarta-feira (30). “Nós precisamos desesperadamente de uma reforma política”, concluiu.

Parte da palestra de Luís Roberto Barroso em Salvador foi dedica a críticas ao combate à corrupção no Brasil. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) classificou a questão como um grave problema do país e apontou a impunidade como maior causa do entrave. “Nós criamos um país em que as pessoas fizeram da corrupção um modelo de negócio e outros fizeram da corrupção um meio de vida”, reclamou.

Barroso ainda citou a própria legislação brasileira como um dos obstáculos para o combate à corrupção. “O direito penal no Brasil não é capaz de pegar ninguém que esteja em uma faixa de renda acima de cinco salários”, afirmou. A corrupção generalizou-se de alto a baixo em todos os espaços e menos de 1% da população carcerária está presa por esse fato. E 30% da população carcerária está presa por delitos associados a drogas. Boa parte dessas pessoas são réus primários que foram presos por tráfico de pequenas quantidades de drogas”.

Ele também fez referência ao pedido de desculpa da empreiteira Odebrecht por conta do esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato. Para o ministro, a prática deveria ser norma no Brasil. “No Mensalão nenhum dos condenados veio a pública para dizer ‘desculpas à sociedade brasileira’. O sentimento deles é ‘todo mundo fez e eu que fui punido’”, comparou.