O ex-presidente nacional da OAB, Cezar Britto lembra que no dia de hoje, no ano de 1898, nascia em Vila Bela, atual Serra Talhada, no interior de Pernambuco, Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, e que se tornou o líder absoluto do cangaço brasileiro. “Tornou-se cangaceiro em 1919 após jurar vingança ao ver o pai assassinado em conflito agrário”. Como o fenômeno do cangaço, é apontado como herói ou bandido. Contudo ninguém discorda de que a sua luta o faz ser um dos maiores personagens da história do Brasil”, afirma o advogado sergipano nascido em Propriá. Cezar Britto cita uma frase famosa de Lampião: “Nao sou cangaceiro por vontade minha, mas pela maldade dos outros”.
Segundo o biógrafo Cicinato Ferreira Neto, o apelido “Lampião” foi lhe dado devido ter facilidade em manejar o rifle, “que, de tanto atirar, mais parecia um candeeiro aceso nas escuras noites da caatinga”. Até os 21 anos de idade trabalhou como artesão. Era alfabetizado e usava óculos para leitura, características bastante incomuns para a região sertaneja e pobre onde ele morava. Uma das versões a respeito de seu apelido é que sua capacidade de atirar seguidamente, iluminando a noite com seus tiros, fez com que recebesse o apelido de lampião.
Sua família travava uma disputa com outras famílias locais, geralmente por limites de terras, até que seu pai foi morto em confronto com a polícia em 1919. Virgulino jurou vingança, e junto de mais dois irmãos, passou a integrar o grupo do cangaceiro Sinhô Pereira. Em 1922, tornou-se líder do bando até então comandado por Sinhô Pereira em Pernambuco. No mesmo ano matou o informante que entregou seu pai à polícia, e realizou o maior assalto da história do cangaço àquela altura, contra a Baronesa de Água Branca em Alagoas.Além do grupo principal, Lampião tinha o comando de diversos subgrupos paralelos, designando outros cangaceiros à frente, a exemplo de Corisco e Antonio de Engracia.
Em 1930 se junta afetivamente a Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria de Déa e, após sua morte, Maria Bonita, foi uma cangaceira brasileira, companheira de Lampião e a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros. Nasceu no dia 17 de janeiro de 1910, em Paulo Afonso, Bahia, vindo a falecer em 28 de julho de 1938, em Poço Redondo, no estado de Sergipe. Virgulino e Maria Déa tiveram uma filha, Expedita Ferreira Nunes, nascida em 13 de setembro de 1932. O casal teria tido ainda dois natimortos.
Lampião era devoto de Padre Cícero e respeitava as suas crenças e conselhos. Os dois se encontraram uma única vez, no ano de 1926, em Juazeiro do Norte. No dia 27 de julho de 1938, o bando acampou na fazenda Angicos, situada no sertão de Sergipe, esconderijo tido por Lampião como o de maior segurança. Era noite, chovia muito e todos dormiam em suas barracas. A polícia chegou tão silenciosamente que nem os cães perceberam. Por volta das 5:00h do dia 28, os cangaceiros levantaram para rezar o ofício e se preparavam para tomar café; quando um cangaceiro deu o alarme, já era tarde demais.
Anos mais tarde, foi construído na cidade de Piranhas, em Alagoas, o Museu do Sertão. Tudo no museu gira em torno de Lampião e Maria Bonita, rei e rainha do cangaço. Não existe uma visita orientada, apenas um casal, vestidos de cangaceiros que, apenas, recebem os turistas. Cada visitante, para entender a história do cangaço, tem que ler as matérias daquela época e entender, através dos acervos e objetos dispostos.
Obs: mensagem que recebido brilhante jornalista gaúcho Nikão Duarte: “Lembro que na minha infância, a idade natal de meus pais tinha energia elétrica somente até às 22 horas. Todos se recolhiam cedo. A cidade se chama Pinheiro Machado ( antiga Cacimbinhas), 350 quilômetros ao sul d Porto Alegre, beirando a fronteira com o Uruguai. Trato disso no meu livro “A guerra de Cacimbinhas”).