Quem reside no Rio de Janeiro ou em outro estado se refere ao parque público situado aos pés do morro do Corcovado que Parque Lage. Na verdade, essa área de 52 hectares e tombada pelo pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 14 de junho de 1957, se chama oficialmente Parque Henrique Lage. Desde 1966, ocupa uma das áreas do palacete o Instituto de Belas Artes que deu origem em 1974 à Escola de Artes Visuais. Desde 2004, o Parque Lage é parte do Parque Nacional da Tijuca.
A história do Parque Lage tem início em 1811, quando Rodrigo de Freitas Mello e Castro adquiriram uma fazenda pertencente a Sebastião Fagundes Varela, o Engenho de Açúcar Del Rei, às margens da lagoa. John Tyndale, paisagista inglês, recebeu, em 1840, a incumbência de reprojetar a fazenda e imprimiu à estrutura de seu projeto todo o romantismo encontrado em parques de sua terra natal. Em 1859, o parque passa para as mãos de Antônio Martins Lage, por um processo de compra e venda. Neste momento, recebe o nome de “Parque dos Lage”, que, mais tarde, no ano de 1900, passou a seus três filhos como herança. Em 1913, a chácara é comprada por César de Sá Rabello, permanecendo como sua propriedade até o ano de 1920, quando Henrique Lage, neto de Antônio Martins Lage, consegue reaver a antiga propriedade da família.
Na década de 1920, Henrique deu início a sua remodelação, convidando o arquiteto italiano Mario Vodret como projetista do palacete que fora de seu pai. Seu estilo era bastante diferente, mesclando diferentes tendências da época, enquadrando seus trabalhos no período da arte que se denominava eclético, o qual agradava a cantora lírica italiana, esposa de Henrique Lage, Gabriella Besanzoni. Em seu centro há um pátio com piscina e, em sua fachada, um pórtico bastante proeminente. Os jardins foram concebidos geometricamente, de acordo com a grandiosidade da mansão, de onde se avista o morro do Corcovado.
No ano de 1936, a mulher de Henrique Lage funda a Sociedade do Teatro Lírico Brasileiro e, em 1948, novos habitantes ocupam para a mansão dos Lage, os sobrinhos-netos de Gabriela: Marina Colasanti e seu irmão Arduíno Colassanti. Gabriela organizava magníficas festas em que figuravam os mais proeminentes representantes da sociedade carioca. Endividado com o Banco do Brasil por conta de negócios feitos com esta instituição financeira, Henrique Lage precisou desfazer-se de parte de seu patrimônio. Entregou uma parte de seus bens ao banco como pagamento e, a outra, vendeu para empresários particulares. A fim de fazer sobreviver o Parque, foi tombado como patrimônio histórico e artístico com a ajuda do então governador Carlos Lacerda.
Na década de 1960 parte do terreno chegou a ser comprada pelo empresário Roberto Marinho para a construção da sede da TV Globo entretanto toda a propriedade foi desapropriada e convertida em um parque público. Em 1966, foi instalado no palácio o Instituto de Belas Artes, instituição que foi desmantelada durante o regime militar por iniciativa de Rubens Gerchman, seu diretor, sendo palco de protestos estudantis contra o desmantelamento.
Recuperação e melhorias
O Parque Lage foi recuperado em 2002 pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, através da Fundação Parques e Jardins. Toneladas de lixo foram retiradas, o chafariz passou por reforma e os caminhos e trilhas foram devidamente recuperados. De acordo com o pedido da associação de moradores do local, uma calçada externa foi construída, bem como um estacionamento para aqueles que se dispõem a visitar o parque. Há, no Parque Lage, uma estátua de um pintor retratando o momento em que Tom Jobim, juntamente com seu filho João Francisco, planta uma árvore. Esse tipo de homenagem ao compositor e poeta brasileiro, feito em 1984, serve para mostrar a necessidade de melhorias contínuas para que a beleza do Parque não se perca.
O Parque Lage oferecer a seus visitantes a sua bela floresta, palmeiras imperiais, jardins construídos nos moldes europeus, chafariz e bancos para um bom momento de descanso, como também o requinte e a classe de seu conjunto arquitetônico. O Parque possui, ainda, um aquário em argamassa, o qual imita pedras e troncos de árvores; pontes, bancos, quiosques e uma gruta compõem a beleza artística da obra do parque. Há caminhos de saibro que levam os visitantes a determinados locais com vegetação abundante e a um lago, este último conhecido como “Lago dos patos”.
O Parque também é um bom local para as crianças e para os praticantes de trilhas. Para os primeiros, há espaços com brinquedos como balanços, gangorras e escorregas e, para os desportistas, a grande atração é a trilha que leva ao Corcovado, cruzando as florestas do Parque Nacional da Tijuca.
—-
Recebi a seguinte mensagem da brilhante repórter Martha Correa, carioca, torcedora ardente do Fluminense e residente em Brasília há vários anos: “Eu visitava com frequência o Parque Lage nos idos de 1980 para passeios e fazer reportagem. Era como um estúdio da TV Globo ao ar livre. Belíssimo. Desconheço o atual estado de conservação.”