Patrono da cadeira fundada por Machado de Assis na Academia Brasileira de Letras (ABL), o notável escritor José Martiniano de Alencar nasceu em Messejana – à época de seu nascimento era um município, tendo perdido o status em 1921, sendo integrado na cidade de Fortaleza no dia 1 de maio de 1829. Faleceu no Rio de Janeiro em 12 de dezembro de 1877. Na carreira política, foi notória a sua tenaz defesa do fim da escravidão no Brasil quando ministro da Justiça do segundo reinado Era neto de Bárbara de Alencar, uma heroína da Revolução Pernambucana.
Nascido de uma relação ilegítima e considerada escandalosa à época, visto que seus progenitores eram primos e seu pai era sacerdote da igreja Católica, teve sua paternidade reconhecida através de uma “Escritura de Reconhecimento e Perfilhação de Filhos Espúrios” em 1859, que registrava que “o padre José Martiniano de Alencar, já sendo clérigo de Ordens Sacras, contraiu amizade ilícita e particular com dona Ana Josefina de Alencar, sua prima no primeiro grau, e dela tem tido desde aquele tempo até doze filhos”. José de Alencar foi o primogênito do casal, e seu apelido em casa era Cazuza ( no Nordeste Cazuza é sinônimo de moleque, garoto”).
Seu pai foi transferido para a capital do Império do Brasil, o Rio de Janeiro, e José de Alencar, então com onze anos, foi matriculado no Colégio de Instrução Elementar. Em 1844, matriculou-se nos cursos preparatórios à Faculdade de Direito de São Paulo, começando o curso de direito em 1846. Em 1856, publicou o primeiro romance, Cinco Minutos, seguido de A Viuvinha em 1857. Mas é com O Guarani em 1857 que alcançou notoriedade. Estes romances foram publicados todos em jornais e só depois em livros.
José de Alencar foi mais longe nos romances que completam a trilogia indigenista: O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874). O primeiro fala sobre o amor do índio Peri com a mulher branca Ceci. O segundo, epopeia sobre a origem do Ceará, tem como personagem principal a índia Iracema, a “virgem dos lábios de mel” e “cabelos tão escuros como a asa da graúna”. O terceiro tem por personagem Ubirajara, valente guerreiro indígena que durante a história cresce em direção à maturidade.
Em 1859, tornou-se chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, sendo depois consultor do mesmo. Em 1860, ingressou na política, como deputado provincial no Ceará, sempre militando pelo Partido Conservador (Brasil Império). Em 1868, tornou-se ministro da Justiça, ocupando o cargo até janeiro de 1870. Em 1869, candidatou-se ao senado do Império, tendo o Imperador D. Pedro II do Brasil não o escolhido por ser muito jovem ainda.
Faleceu no Rio de Janeiro em dezembro de 1877, vitimado pela tuberculose. Machado de Assis, que esteve no velório de Alencar, impressionou-se com a pobreza em que a família Alencar vivia. Em sua coluna História de Quinze Dias na revista Ilustração Brasileira, escreveu: “Toda a história destes quinze dias está resumida em um só instante, e num acontecimento único: a morte de José de Alencar. Ao pé desse fúnebre sucesso, tudo o mais empalidece.” Seu corpo foi primeiramente sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro, depois foi exumado para o Cemitério de São João Batista, também no Rio de Janeiro.
Na cidade do Rio de Janeiro, no bairro do Flamengo, em sua homenagem, foi erguida, em 1897, uma estátua no largo do Catete, largo este que foi rebatizado como praça José de Alencar.